Em setembro de 1935, houve uma reunião na casa paroquial, com a presença do Padre, de Jean Peyrat e três colegas agricultores, devidamente convidados por Yves. Foi a partir desta reunião que foram estabelecidos os princípios que nortearam a primeira experiência educacional em alternância, voltada exclusivamente para filhos de pequenos agricultores. Para dar cobertura legal, pensou-se no que diz respeito à parte teórica, em uma inscrição dos alunos no curso por correspondência, autorizado por uma lei que desse aos pais o direito de formar seus filhos na própria roça. O Padre cuidou da orientação teórica dos alunos agrupados durante uma semana na própria casa paroquial e os pais acompanhando os filhos nas três semanas seguintes em casa, com o compromisso de programarem o tempo de maneira a auxiliá-los nos deveres escolares. Juntos organizaram a formação técnica, a formação geral e a formação humano/espiritual, por meio de uma pedagogia adaptada ao meio rural, pois somente o êxito material não seria suficiente para dar ao indivíduo uma formação integral.
Dessa forma o padre Granerau tornou-se, o primeiro monitor de Escola Família Agrícola no mundo.
Duas ações foram importantes nesse processo: 1ª um diálogo entre um pai de família preocupado em dar a seu filho uma formação adequada e o vigário da sua paróquia; 2ª uma primeira reunião de três pais de família com seus respectivos filhos e futuros alunos, marcaram de forma decisiva o surgimento das EFAs na França e porque não dizer no mundo. Seus atores não imaginavam que, oitenta e quatro anos mais tarde, centenas de EFAs seriam formadas no mundo inteiro, inspirando-se nos mesmos objetivos criados por eles. No decorrer destes oitenta e quatro anos, esta experiência pioneira foi implantada e aprimorada, mantendo os princípios básicos da sua criação, isto é, a essência da Pedagogia da Alternância. Com o passar do tempo a responsabilidade e a condução dos trabalhos da experiência deu-se através de associações próprias, sempre com a orientação de um padre.
A experiência francesa foi batizada com o nome de “Casa Familiar Rural” que, por lá, persiste até hoje. A organização cresceu e expandiu-se na Europa, na África, em seguida na América Latina e ultimamente na Ásia. Cada País tem suas associações regionais e uma Nacional. A nível internacional 779 EFAs no mundo agrupam-se na AIMFR (Associação Internacional dos Movimentos Familiares de Formação Rural).
1.1.2. AS EFAS/CFRs NO BRASIL
No Brasil, elas surgiram com o nome de Escola Família Agrícola, há cinquenta anos, no estado do Espírito Santo, sob a liderança do jesuíta italiano Pe. Humberto Pietrogrande dando origem ao MEPES (Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo), tornando-se, mais tarde, o regional daquele estado. A atuação das EFAs no Espírito Santo foi oficialmente reconhecida pelo poder público na Constituição Estadual. Se puder citar o artigo seria bom. O movimento de Escola Família foi crescendo no Brasil de forma que hoje está implantado em 22 estados brasileiros, totalizando cerca de 155 unidades no país, todas filiadas à UNEFAB (União Nacional das Escolas Famílias Agrícola do Brasil), fundada em março de 1982. Além das EFAs (Escolas Famílias Agrícolas) existem as CFRs (Casas Familiares Rurais) espalhadas pelo Brasil num total de 75. Esse crescimento das EFAs e das CFRs no Brasil revela a sua competência e aceitação pela população rural do país, devido aos serviços prestados à Educação do Campo. Uma área reconhecidamente pública, que nem todos entes públicos conhecem e valorizam. Mesmo assim, a atenção dispensada às EFAs pelas autoridades governamentais, em geral, no Brasil, tem sido expressiva. Na Bahia, o grande batalhador foi o Padre italiano Aldo Lucchetta, que, junto com as lideranças locais, incentivou a criação de várias EFAs.
A primeira EFA começou no município de Brotas de Macaúbas, o que incentivou outros municípios a investirem na experiência. A expansão foi grande, surgindo a necessidade de criação de uma Associação Regional que congregasse as Associações locais mantenedoras das EFAs existentes; daí o nascimento da AECOFABA (Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia) em 04 de setembro de 1979, que além de assessorar técnica e pedagogicamente todas as EFAs, mantém uma EFA de Ensino Médio Profissional, na cidade de Riacho de Santana, atendendo jovens de vários municípios baianos e outros estados, que optaram em fazer curso Técnico em Agropecuária.

Número especial da Associação das Escolas das Comunidades e Famílias Agrícolas da Bahia – AECOFABA, fundada em 04 de setembro de 1979, por iniciativa de um grupo de agricultores, religiosos e lideranças comunitárias das várias Associações/EFAs existentes na Bahia. A AECOFABA congrega, hoje, 16 EFAs – Escolas Famílias Agrícolas de Ensino Fundamental e Médio e mantém diretamente a Escola Técnica da Família Agrícola da Bahia – ETFAB e uma Radiodifusora em Riacho de Santana.